Somos um espaço livre de promoção cultural com responsabilidade social que visa incrementar a diversidade através de uma rede cada vez maior, participativa e sensível às intersecções humanas.
terça-feira, novembro 29, 2005
Tu
Falco
segunda-feira, novembro 28, 2005
sábado, novembro 26, 2005
sexta-feira, novembro 25, 2005
Paladares
quarta-feira, novembro 23, 2005
Ferido
Ele tinha todas as razões para reflectir uma carga indesejável ao mais comum mortal. E assim foi: vento, chuva, trovoada e até, imagine-se, sapos a cair do céu. Provocou cortes na luz falsa, nas comunicações desnecessárias, na água poluída – para já, nada a lamentar – e para os mais sensíveis promoveu cortes no coração – isto é que não.
Um dos afectados fui eu, acusava a cor, o clima, os vizinhos, os amigos, os pseudos, os eventuais, os de curto prazo... Acontece que provavelmente as razões serão outras: não quero assumir que a causa de tudo – do nada – é A INEVITABILIDADE DA PREVISIBILIDADE INDESEJADA. Nesta cabe, ente outras coisas, o sentimento de que o AMOR NÃO EXISTE E A INJUSTIÇA IMPERA: como é possível?!
Nem danças oníricas, nem terapias divanescas, ou mesmo espirros intelectuais que optimizam níveis perceptivos. O CORAÇÃO ESPONJADO PETRIFICOU.
Ruben 2005
terça-feira, novembro 22, 2005
A TI…
Encontrei-te pelo sentido sem sentido…
Encontrei-te no nada do tudo…
Percebi que em ti habitava um ser igual ao meu…
Entendi que as tuas imagens eram as minhas palavras….
Compreendi que jamais vais deixar de voar….
Tens umas asas do tamanho do universo…mas tens medo de abraçar o mundo…
Tens o dom na sensibilidade…
Tens a magia de saber que dentro de ti…és tu…apesar de todos…
As tuas imagens são a compreensão de sonhos perdidos mas nunca esquecidos…
Contei-te verdades que só são minhas e entendeste-as como quem conta uma história de encantar…
Tiraste cada palavra de mim e sugaste-as com fervor…ânsia de mais e mais…
Nunca vai ser demais porque quem entende…compreende…e …sente…
Tu sentes dentro de ti o que vejo dentro de mim….
Tu vês dentro de ti…o que sinto dentro de mim…
Obrigado deuses…por ti…
Pérola 2005
domingo, novembro 20, 2005
sábado, novembro 19, 2005
do amor
- vós, poetas hoffmanianos que dançais ao som de harmónios nas regiões de cristal ou que um violino despedaça, tal como uma lâmpada nos rasga o peito;
- vós, contemplativos vorazes e exigentes a quem mesmo o espectáculo da natureza comunica êxtases perigosíssimos: que para vós o amor seja um calmante.
e vós, poetas tranquilos - poetas objectivos -, partidários ilustres do método -, arquitectos do estilo-, políticos que tendes uma tarefa de que dar conta todos os dias: que o amor seja para vós um excitante, uma bebida tonificante e tónica, e que a ginástica do prazer seja para vós um constante incitamento à acção.
para uns as poções repousantes, para os outros os álcoois.
mas para vós, vós para quem a natureza é cruel e o tempo precioso, que o amor seja para vós um revigorante que vos aqueça e reanime.
Beaudelaire
quinta-feira, novembro 17, 2005
quarta-feira, novembro 16, 2005
terça-feira, novembro 15, 2005
Sou o que sou.
domingo, novembro 13, 2005
É o fim...
o tom castanho que toca no rosto
a beleza afónica de quem sente
o mar, sentido no cheiro
noites passadas sem te ver
o cheiro que não sinto, nem finjo
um corpo que se perde na cama
o teu suor, as tuas lágrimas
a espera é longa e triste
como um desejo por curar
como um relógio que perece
em silêncios contidos
é o fim....silêncioso na forma
Falco
Porto, 1996
sábado, novembro 12, 2005
sexta-feira, novembro 11, 2005
Ecuménico
quinta-feira, novembro 10, 2005
Crepúsculo
Ilhas Cies - Espanha
Recordo-te como eras no outono passado.
Eras a boina cinzenta e o coração em calma.
Nos teus olhos lutavam as chamas do crepúsculo.
E as folhas caíam na água da tua alma.
Fincada nos meus braços como uma trepadeira,
as folhas recolhiam a tua voz lenta e em calma.
Fogueira de estupor onde a minha sede ardia.
Doce jacinto azul torcido sobre a minha alma.
Sinto viajar os teus olhos e é distante o outono:
boina cinzenta, voz de pássaro e coração de casa
para onde emigravam os meus profundos desejos
e caíam os meus beijos alegres como brasas.
Céu visto de um navio. Campo visto dos montes:
a lembrança é de luz, de fumo, de lago em calma!
Para lá dos teus olhos ardiam os crepúsculos.
Folhas secas de outono giravam na tua alma
Pablo Neruda
terça-feira, novembro 08, 2005
Porque os outros...
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Porto, 1919-2004
segunda-feira, novembro 07, 2005
sexta-feira, novembro 04, 2005
quinta-feira, novembro 03, 2005
Porque sim...
Porém e decorrente da questão que denomina o Blog – e se não morrêssemos ?! – o conhecimento desta fatalidade perturba-nos. Esta é tão intrigante/revoltante quão maior é o conhecimento prévio que temos da nossa despedida: convenhamos que a antecipação da morte é pior que a própria morte.
Não será esta ansiedade uma vontade incontrolável de viver no Futuro? Afinal o que é que ele nos traz de positivo se à medida que avançamos aproximamo-nos do precipício?
Não deveríamos, então, viver o presente com toda a força, entrega e alegria?