Era uma vez um palhaço
que vivia no seu mundo:
o circo e a sua gente.
Tinha nervos, tinha sangue,
tinha tudo...tinha filhos,
tinha sonhos e desejos
e bondade natural.
Mas um dia este palhaço,
esmagado pela dor
com a morte da mulher,
já não ria como dantes,
fora do circo e do mundo,
embora fosse palhaço
logo à noite, outra vez.
E ria, ria por fora
e ria de tal maneira
que toda a gente sorria.
Só eu, porque sabia,
não ria...antes pensava
na luta daquela alma
feita de força e de crença
à espera do momento
de voltar ao camarim.
Vão surgindo os aplausos,
com palmas de toda a gente,
e o palhaço no seu posto,
a cumprir o seu destino,
sorri, sorri novamente
embora eu lhe notasse
que chorava lá por dentro.
Mas cumpriu a sua missão
fazendo rir toda a gente
ao tomar a posição
de fingir completamente
Era um palhaço perfeito
e tinha uma cicatriz
do lado esquerdo do peito,
feita no circo, em petiz.
Seu pai fora palhaço,
sua mãe equilibrista,
seu filho será palhaço
ou talvez malabarista.
António Baptista
2 comentários:
Quantos de nós não somos palhaços destes, sem o sermos?....
Continue a escrever.... sinto falta dessas suas reflexões maravilhosas acerca da vida.
Lindo! não resisti em linkar
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