terça-feira, novembro 29, 2005

Tu

Quando sem receio se aproxima a vaga que da noite escura retirou abrigo, encolho os ombros e sobranceiramente procuro refúgio das tormentas que criaste. São rochas intransponíveis que crias sem saber dos amargos de boca, são trapos rasgados que a imaginação não se atreve a deslindar. Papeis queimados que não lemos, antes nos sujam as mãos em tons de negro triste. E quando as lágrimas derramadas nos lembram o que fomos não basta a vastidão ingénua dos nossos sonhos para romper com o cordão que nos prende. Sem perdão chamo o teu nome, gritando até ao limite. Grito e grito mais algo, mas não me ouves. Enquanto o ecoar das tuas dúvidas se perpetuar pelas veias do teu corpo cada pedaço de mim desfalece por entre mortes sagradas. Mais que o desejo, mais que o medo, mais que todos os demónios que povoam a insanidade do nosso ser, mais que o sentido nefasto do cheiro que em mim deixaste quero-te.

Falco

segunda-feira, novembro 28, 2005

sábado, novembro 26, 2005

Danko Jones - Blood



Agressivo e directo!! Este álbum é puro rock!!

Vasco 2005

sexta-feira, novembro 25, 2005

Paladares



Entranhado na encosta de Brufe - Terras de Bouro - espreita sem complexos a beleza do Portugal que o Homem ainda não destruiu.

Acresce, o irresistível prazer do paladar.

Vasco 2005

Procurei-te


Braga - Portugal

quarta-feira, novembro 23, 2005

Ferido

O dia acorda cinzento, zangado com a noite e os seus delírios galácticos.

Ele tinha todas as razões para reflectir uma carga indesejável ao mais comum mortal. E assim foi: vento, chuva, trovoada e até, imagine-se, sapos a cair do céu. Provocou cortes na luz falsa, nas comunicações desnecessárias, na água poluída – para já, nada a lamentar – e para os mais sensíveis promoveu cortes no coração – isto é que não.

Um dos afectados fui eu, acusava a cor, o clima, os vizinhos, os amigos, os pseudos, os eventuais, os de curto prazo... Acontece que provavelmente as razões serão outras: não quero assumir que a causa de tudo – do nada – é A INEVITABILIDADE DA PREVISIBILIDADE INDESEJADA. Nesta cabe, ente outras coisas, o sentimento de que o AMOR NÃO EXISTE E A INJUSTIÇA IMPERA: como é possível?!

Nem danças oníricas, nem terapias divanescas, ou mesmo espirros intelectuais que optimizam níveis perceptivos. O CORAÇÃO ESPONJADO PETRIFICOU.

Ruben 2005

terça-feira, novembro 22, 2005

A TI…

Encontrei-te por sentimentos recíprocos…
Encontrei-te pelo sentido sem sentido…
Encontrei-te no nada do tudo…
Percebi que em ti habitava um ser igual ao meu…
Entendi que as tuas imagens eram as minhas palavras….
Compreendi que jamais vais deixar de voar….
Tens umas asas do tamanho do universo…mas tens medo de abraçar o mundo…
Tens o dom na sensibilidade…
Tens a magia de saber que dentro de ti…és tu…apesar de todos…
As tuas imagens são a compreensão de sonhos perdidos mas nunca esquecidos…
Contei-te verdades que só são minhas e entendeste-as como quem conta uma história de encantar…
Tiraste cada palavra de mim e sugaste-as com fervor…ânsia de mais e mais…
Nunca vai ser demais porque quem entende…compreende…e …sente…
Tu sentes dentro de ti o que vejo dentro de mim….
Tu vês dentro de ti…o que sinto dentro de mim…

Obrigado deuses…por ti…

Pérola 2005

domingo, novembro 20, 2005

sábado, novembro 19, 2005

do amor

vós todos, que servis de alimento a qualquer milhafre insaciável;

- vós, poetas hoffmanianos que dançais ao som de harmónios nas regiões de cristal ou que um violino despedaça, tal como uma lâmpada nos rasga o peito;

- vós, contemplativos vorazes e exigentes a quem mesmo o espectáculo da natureza comunica êxtases perigosíssimos: que para vós o amor seja um calmante.

e vós, poetas tranquilos - poetas objectivos -, partidários ilustres do método -, arquitectos do estilo-, políticos que tendes uma tarefa de que dar conta todos os dias: que o amor seja para vós um excitante, uma bebida tonificante e tónica, e que a ginástica do prazer seja para vós um constante incitamento à acção.

para uns as poções repousantes, para os outros os álcoois.

mas para vós, vós para quem a natureza é cruel e o tempo precioso, que o amor seja para vós um revigorante que vos aqueça e reanime.

Beaudelaire

quinta-feira, novembro 17, 2005

Gipsy Project & Friends



Quando a raça Gipsy nómada se traduz em musica.

Vasco 2005

quarta-feira, novembro 16, 2005

terça-feira, novembro 15, 2005

Sou o que sou.

Sou uma pessoa estupidamente normal: não tenho comportamentos obsessivo-compulsivos, gosto moderadamente de ultrapassar os limites, não sou viciado na internet, em sexo, em álcool, em cocaína, em coleccionismo, em compras, em terapias, em tabaco, ou psicotrópicos; sou um dependente afectivo moderado e não observo rigorosamente as indicações do médico. Pronto! Sou o que sou.

domingo, novembro 13, 2005

É o fim...

o som rasgado dos movimentos lentos
o tom castanho que toca no rosto
a beleza afónica de quem sente
o mar, sentido no cheiro

noites passadas sem te ver
o cheiro que não sinto, nem finjo
um corpo que se perde na cama
o teu suor, as tuas lágrimas

a espera é longa e triste
como um desejo por curar
como um relógio que perece
em silêncios contidos

é o fim....silêncioso na forma

Falco
Porto, 1996

sábado, novembro 12, 2005

Harmonia


Estádio Municipal de Braga - Portugal

sexta-feira, novembro 11, 2005

Ecuménico

Um budista, um hindu e um padre católico participam num encontro religioso. O budista fala sobre o caminho para a luz, o domínio do desejo e todos na sala aplaudem e dizem: «Se isso é bom para ti, óptimo, pá!» Segue-se o hindu, que fala sobre os ciclos de sofrimento, o nascimento e a reencarnação e os ensinamentos de Krishna. Os participantes aplaudem e dizem: «Uau! Se isso é bom para ti, óptimo, pá!» Mas o padre dá um murro na mesa e afirma: «Não! Não se trata de ser bom para mim! É a palavra do Senhor, e quem não acredita está condenado ao inferno!» E todos exclamaram: Uau! Se isso é bom para ti, óptimo, pá!

quinta-feira, novembro 10, 2005

Crepúsculo


Ilhas Cies - Espanha

Recordo-te como eras no outono passado.
Eras a boina cinzenta e o coração em calma.
Nos teus olhos lutavam as chamas do crepúsculo.
E as folhas caíam na água da tua alma.

Fincada nos meus braços como uma trepadeira,
as folhas recolhiam a tua voz lenta e em calma.
Fogueira de estupor onde a minha sede ardia.
Doce jacinto azul torcido sobre a minha alma.

Sinto viajar os teus olhos e é distante o outono:
boina cinzenta, voz de pássaro e coração de casa
para onde emigravam os meus profundos desejos
e caíam os meus beijos alegres como brasas.

Céu visto de um navio. Campo visto dos montes:
a lembrança é de luz, de fumo, de lago em calma!
Para lá dos teus olhos ardiam os crepúsculos.
Folhas secas de outono giravam na tua alma

Pablo Neruda

terça-feira, novembro 08, 2005

Porque os outros...

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner Andresen
Porto, 1919-2004

segunda-feira, novembro 07, 2005

Gonzales - Solo Piano



Composições de uma simplicidade cativante!

sexta-feira, novembro 04, 2005

Dor

Ângela Rodrigues

Pode arder ou durar, mas nunca ambos...

Paradoxo

"Não tenho nada daquilo que quero para mim. Mas sou feliz! Porque, sempre que acordo, sei o que quero e olho por onde vou"

quinta-feira, novembro 03, 2005

Porque sim...

Se a Vida é uma dádiva de Deus, o desconhecimento da nossa despedida é a Sua benção.

Porém e decorrente da questão que denomina o Blog – e se não morrêssemos ?! – o conhecimento desta fatalidade perturba-nos. Esta é tão intrigante/revoltante quão maior é o conhecimento prévio que temos da nossa despedida: convenhamos que a antecipação da morte é pior que a própria morte.

Não será esta ansiedade uma vontade incontrolável de viver no Futuro? Afinal o que é que ele nos traz de positivo se à medida que avançamos aproximamo-nos do precipício?

Não deveríamos, então, viver o presente com toda a força, entrega e alegria?

Incerteza


San Brejo - Espanha


"só porque sou capaz de conceber uma existência gloriosa serei capaz de a realizar ?!"

Baudelaire