terça-feira, novembro 29, 2005

Tu

Quando sem receio se aproxima a vaga que da noite escura retirou abrigo, encolho os ombros e sobranceiramente procuro refúgio das tormentas que criaste. São rochas intransponíveis que crias sem saber dos amargos de boca, são trapos rasgados que a imaginação não se atreve a deslindar. Papeis queimados que não lemos, antes nos sujam as mãos em tons de negro triste. E quando as lágrimas derramadas nos lembram o que fomos não basta a vastidão ingénua dos nossos sonhos para romper com o cordão que nos prende. Sem perdão chamo o teu nome, gritando até ao limite. Grito e grito mais algo, mas não me ouves. Enquanto o ecoar das tuas dúvidas se perpetuar pelas veias do teu corpo cada pedaço de mim desfalece por entre mortes sagradas. Mais que o desejo, mais que o medo, mais que todos os demónios que povoam a insanidade do nosso ser, mais que o sentido nefasto do cheiro que em mim deixaste quero-te.

Falco

4 comentários:

Anónimo disse...

São as dúvidas que nos rasgam e nos deixam nus, expostos, magoados e trémulos, desesperançados e desfalecidos, sem chão e sem luz!são elas que, depois de transformadas, se assumem em rumos e metas, num roteiro desconhecido, mas novo, vestido de sentido...já sem medos, sem incertezas, apenas a firmeza e convicção de que o incerto se tornou certo e que da instabilidade tirámos forças para criar novas vontades e desejos, já sem ti e sem o teu querer desventurado!!

Anónimo disse...

Grita... bem alto... até k a voz te doia... grita pelo amor... pela felicidade... pela pessoa k mais anseias e desejas... só assim te libertarás...
beijocas doces***

Anónimo disse...

Muito forte...muito verdadeiro...muito sentido...
Muito desesperante...um grito no vazio...tentando ecoar no espaço sem fim...
Só tu podes encontrar a tua paz e o teu querer...só tu podes ser feliz por ti....

Anónimo disse...

Deliciosamente .... Lindo!!!