quarta-feira, novembro 23, 2005

Ferido

O dia acorda cinzento, zangado com a noite e os seus delírios galácticos.

Ele tinha todas as razões para reflectir uma carga indesejável ao mais comum mortal. E assim foi: vento, chuva, trovoada e até, imagine-se, sapos a cair do céu. Provocou cortes na luz falsa, nas comunicações desnecessárias, na água poluída – para já, nada a lamentar – e para os mais sensíveis promoveu cortes no coração – isto é que não.

Um dos afectados fui eu, acusava a cor, o clima, os vizinhos, os amigos, os pseudos, os eventuais, os de curto prazo... Acontece que provavelmente as razões serão outras: não quero assumir que a causa de tudo – do nada – é A INEVITABILIDADE DA PREVISIBILIDADE INDESEJADA. Nesta cabe, ente outras coisas, o sentimento de que o AMOR NÃO EXISTE E A INJUSTIÇA IMPERA: como é possível?!

Nem danças oníricas, nem terapias divanescas, ou mesmo espirros intelectuais que optimizam níveis perceptivos. O CORAÇÃO ESPONJADO PETRIFICOU.

Ruben 2005

1 comentário:

Anónimo disse...

INCOMPLETO

As palavras que me dizias com sabor a mel…
Os sentimentos transparentes, cheios de emoção…
A tua presença na tua ausência…
O teu ser que me ofuscou…
A tua vida que era a minha…
O teu olhar de amor e ódio…
A tua mente encruzilhada…
A tua alma a divagar…
O teu amor inócuo…
O teu corpo imaculado…
O perfume que libertavas…
O silencio das tuas palavras…
O teu sorriso de criança…

Fomos um só…mas…

Acabou!...

O tormento da dor que não se sente… silenciosa… veio devagar, e abraçou-me!

Deixei de pensar…
Deixei de sonhar…
Deixei de amar…
Deixei de existir…
Deixei de sentir…

Sou um ser irracional a interpretar uma personagem racional...

Sou o destino que a vida me deu…

Estou incompleto!...

Estou num deserto sem areia…
Num mar sem agua…
Numa floresta sem arvores…
Num fogo sem chamas…

Sou incompleto!...

Sou o peixe que não nada…
A águia que não voa…
O lobo que não uiva…
O leão que não ruge…

Fico incompleto!...

Tenho o que não quero
Faço o que não sei
Digo o que não sinto
Pareço o que não sou

Vivo incompleto!...

Tenho medo do meu sofrimento…

Tenho medo de ti…

Faz de mim o teu escravo… e tortura-me!...

Ou…

Faz-me sentir forte… e deixa-me viver!…

Deixa-me ser o que sou… neste mundo que não existe...

Ou então… prefiro nascer novamente… e ter uma vida nova… sem passado, sem presente, e sem futuro.

Viver por viver…sem alma…eternamente, como se nunca morrêssemos…