quinta-feira, novembro 03, 2005

Porque sim...

Se a Vida é uma dádiva de Deus, o desconhecimento da nossa despedida é a Sua benção.

Porém e decorrente da questão que denomina o Blog – e se não morrêssemos ?! – o conhecimento desta fatalidade perturba-nos. Esta é tão intrigante/revoltante quão maior é o conhecimento prévio que temos da nossa despedida: convenhamos que a antecipação da morte é pior que a própria morte.

Não será esta ansiedade uma vontade incontrolável de viver no Futuro? Afinal o que é que ele nos traz de positivo se à medida que avançamos aproximamo-nos do precipício?

Não deveríamos, então, viver o presente com toda a força, entrega e alegria?

5 comentários:

Anónimo disse...

... E se não morresemos...

... não haveria renovação
... o tempo deixaria de existir e o amanhã era infinito
... deixaria de sentir esta fome de vida
... não haveria a emoção de abraçar hoje e não amanhã, de beijar hoje e não amanhã, de amar hoje e não amanhã!!

Se não morressemos, deixaria de existir a profunda intensidade da alegria e da tristeza, do doce e do amargo, e das recordações da vida, que seria infinitamente grande!!

... nunca se saberia valorizar o que tivemos e deixamos de fazer... e a saudade seria Eterna...

Anónimo disse...

A morte do outro é sempre filosófica, plena de lirismo. Conseguimos, em função da nossa maior ou menor sensibilidade artistica, colorir, enfatizar, romançear a morte...dos outros!
E a nossa morte? A TUA morte? A MINHA morte? Sentes a força da forca? A forca que te aperta e leva os sentidos, as emoções, os amigos, o amor, os filhos...

Anónimo disse...

A morte vem depois da vida...e o que realmente interessa é viver intensamente cada minuto que passa dando um abraço ao nosso irmão...um sorriso ao nosso outro eu...um olhar de vida para os que nos rodeiam...
A vida é o nosso presente...o nosso passado e o nosso futuro...
A vida sou eu...és tu...somos nós...
Vive...com aquele...V...que só cada um de nós consegue descobrir dentro

Anónimo disse...

Não há uma morte, antes duas. Há uma que acontece uma vez, não se sabe quando, mas há uma outra que acontece todos os dias da nossa vida, sempre que desistimos daquilo em que acreditamos, sempre que esquecemos do que somos para chegar mais longe que o outro, sempre que fingimos não ver uma mão que se estende diante nós, sempre que vemos com indiferença as lágrimas no rosto de uma criança.

Não há forca alguma capaz de me levar os amigos, não há forca capaz de me estrangular os sentidos, não há forca capaz de me fazer esquecer o amor, não há forca capaz de me levar os filhos.

Apenas uma coisa me pode levar tudo isso...eu, e a minha atitude.

Sei que vou morrer, um dia, mas decidi viver...

Morremos ou vamos morrendo!

Anónimo disse...

Falco,
A tua sensibilidade artistica define a tua atitude. A tua Atitude corporiza-se no colorir, no enfatizar eufemisticamente a Morte.
Não morres quando finges não ver uma mão que se estende nem tão pouco quando desistes daquilo que acreditas. Não morres com as lagrimas da criança. Isso é lirismo, meu caro. Morres quando não te alimentas, quando tens um cancro que te corroi o corpo, quando te lanças do penhasco.
A indiferença para com os outros e mesmo para contigo, a que dizes ser o tipo de morte que acontece todos os dias, é somente isso: indiferença provocada pelo medo, pela cobardia, pelo egoismo ou mesmo pela maldade...mas atenta bem, não é morte, é a constatação da imperfeita natureza humana. E isso sim, é uma questão de Atitude.