sábado, novembro 19, 2005

do amor

vós todos, que servis de alimento a qualquer milhafre insaciável;

- vós, poetas hoffmanianos que dançais ao som de harmónios nas regiões de cristal ou que um violino despedaça, tal como uma lâmpada nos rasga o peito;

- vós, contemplativos vorazes e exigentes a quem mesmo o espectáculo da natureza comunica êxtases perigosíssimos: que para vós o amor seja um calmante.

e vós, poetas tranquilos - poetas objectivos -, partidários ilustres do método -, arquitectos do estilo-, políticos que tendes uma tarefa de que dar conta todos os dias: que o amor seja para vós um excitante, uma bebida tonificante e tónica, e que a ginástica do prazer seja para vós um constante incitamento à acção.

para uns as poções repousantes, para os outros os álcoois.

mas para vós, vós para quem a natureza é cruel e o tempo precioso, que o amor seja para vós um revigorante que vos aqueça e reanime.

Beaudelaire

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns...
és alguém com uma sewnsibilidade extrema que através de fotografias e textos transmites o teu eu...
Nunca deixes de ser assim por ninguem nem por nada,,,
Vai ver o meu blog no msn...